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27.4.07

To whom it may concern.

Saudações a você que encontrou esta mensagem na garrafa. Escrevo do meu leito de morte após uma vida relativamente curta. Curta, porém proveitosa.

Tive uma vida cheia e feliz, não posso reclamar pois fui feliz e soube aproveitar o que me
foi dado. Tive meus problemas como qualquer outra pessoa, nasci em Dublin, Irlanda numa
família de classe média em constantes problemas financeiros, mas sempre tentando manter a
imagem de que estava tudo bem aos filhos e aos outros. Mal sabiam que era evidente para nós
as dificuldades que passavam e provavelmente tão evidente quanto aos amigos e conhecidos da
família. Após meus 16 anos, fui morar com minha irmã e minhas tias em Londres, na Inglaterra, onde arranjei meu primeiro emprego e adquiri uma maior liberdade e responsabilidade. Aos 23,
larguei a faculdade de Literatura e decidi viajar, sair pelo mundo com o dinheiro que havia
guardado. Foi numa dessas viagens que conheci minha mulher, uma australiana por quem me
apaixonei perdidamente e não a larguei mais desde o momento que nos beijamos.
Aos 30, morando junto de minha esposa em Dublin, havia aberto uma empresa de segurança e estava razoavelmente bem de vida. Não precisava me preocupar muito com contas, minha mulher e eu viajávamos muito nas férias e éramos felizes. Infelizmente minha mulher me deixou quando tinha 44 anos, devido a um câncer. Fiquei arrasado, porém, levei minha vida em frente. É o que ela desejaria.

Tudo continou assim até meus 46 anos, quando numa viagem ocorreu um acidente e o avião que
estava caiu no sul do Oceano Pacífico, de acordo com o piloto. das 30 pessoas que estavam no
avião, 10 morreram na queda, nos perdemos de duas pessoas no mar durante os três dias que
ficamos a deriva e estamos há cerca de quatro semanas numa pequena ilha, habitada por uma
pequena comunidade de pescadores. Os feridos foram tratados na medida do possível e estou
doente, apesar de não deixar os outros perceberem. Creio que não aguentarei até a próxima
semana, quando o próximo navio passar por aqui.

Como já havia dito antes, tive uma vida cheia. Não quero que os outros se preocupem comigo à
toa e considero esta uma boa hora para deixar este mundo. Já viajei pelo mundo todo, conheci
vários lugares e culturas e tenho uma mulher que amo muito me esperando. Não me arrependo de nada do que fiz e se fosse para viver novamente, faria tudo igual.

Não sei quem você é, nem de onde veio, mas quem quer que esteja lendo esta carta, obrigado.

1 comment:

Dani said...

ESsa história ficou legal!
Inevitavelmente trágica, como toodas as outras, mas mesmo assim feliz [?]
huaehuaheu



;@~


te amo ~