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12.3.07

Edgar, o digitador.

Cocô.
Foi como começou o dia de Edgar, pisando no cocô de cachorro que se encontrava na calçada em frente ao portão de sua casa. Um garoto, franzino e alto, de óculos e uma mochila surrada nas costas, fechava apressado o portão de sua casa enquanto praguejava por ter sujado seus pés no cocô de cachorro e culpava o relógio por não ter despertado. Estava atrasado para o trabalho, levantou correndo, tomou uma rápida ducha e não comeu nada antes de sair de casa. Estava com fome, com sede e com sono, pois ficou até tarde lendo textos necessários para algumas aulas da faculdade.
Corria quase sempre até o trabalho e chegava em cima da hora, sempre a tempo de encontrar os outros funcionários do prédio na entrada. Entrava e subia as escadas para chegar até a pequena sala sem janelas onde passaria cerca de oito horas todo dia. Era digitador de um pequeno escritório de contabilidade e mal sentava-se em sua minúscula mesa quando uma pilha enorme de documentos desabava pesadamente aos seus pés. Seu chefe já mal-humorado, resmungava que precisaria logo dos documentos no sistema, já que boa parte dos documentos, ainda era persistentemente digitado em máquina de escrever, devido a falta de capacidade de seu chefe usar o computador.
"Nada substitui a máquina de escrever" dizia Seu Edson, o grisalho e resmungão contador que chamara Edgar para trabalhar em seu escritório em troca de um salário que pagaria pouco menos da metade de sua faculdade.
Edgar não era satisfeito com seu trabalho, "Melhor que nada" dizia, mas sua insatisfação aumentava a cada dia, visto que muitas vezes era obrigado a levar trabalho pra casa ou mesmo ficar até mais tarde para que terminasse o trabalho e ter o outro dia mais tranqüilo. Doce ilusão, Seu Edson tinha a capacidade incrível de fazer surgir trabalho quando Edgar se adiantava, não necessariamente como digitador, mas para corrigir, fazer entregas ou mesmo fazer o cafézinho para os clientes.
Enfim, naquele dia Edgar estava realmente atrasado e tudo estava dando errado, mais errado que o normal, levava 15 minutos para chegar ao trabalho correndo, porém faltavam 12 minutos para começar seu horário e Edgar ainda não havia fechado o portão, nem trancado e precisava limpar seus tênis. Procurou a chave em sua mochila e não encontrava, 11 minutos. Olhou em seus bolsos, finalmente, encontrou a chave, trancou o portão e saiu em disparada ao trabalho.
10 minutos, chegou à rua que quase sempre atravessa direto, pois pegava pouco movimento, por sorte ou coincidência de horário, mas não hoje, estava atrasado e a rua estava mais movimentada que nunca. 8 minutos, uma brecha no trânsito e Edgar sai correndo para chegar ao outro lado, onde um ciclista quase o atropela, para a bicicleta e começa a xingar Edgar. Normalmente teria pedido desculpas ou mesmo ignorado, mas não se sabe se foi o acúmulo de fatos desagradáveis durante o dia ou durante os últimos meses. Edgar lançou sua pesada mochila, forrada de papéis, em direção ao ciclista enfurecido, que caiu no chão com um baque. Ainda atordoado, o ciclista se levantou, subiu em sua bicicleta e correu assustado, diante de tão surpreendente ato.
5 minutos, Edgar continou a correr, pisou em poças d'água e molhou suas calças, tênis e meias, mas não podia se importar com isso, estava muito atrasado. 1 minuto, arfando, suando e cansado, sua corrida ainda não havia terminado, estava pensando em uma desculpa para dar ao chefe por chegar 2 minutos atrasado. Não foram 2 minutos de atraso, mas 4, coisa que nunca havia acontecido. Seu Edson estava vermelho, esperando na porta do escritório e ao ver seu funcionário, começou a gritar e chamar Edgar de imprestável, dizendo que não servia para nada a não ser fazer um café fraco e ruim.
As palavras de Edson pareciam não sair, pois Edgar não escutava mais nada, apenas seus pensamentos, que corriam a mil por hora; todos aqueles pensamentos que ficaram reprimdos, todas aquelas coisas que queria falar mas não tinha coragem, tudo estava tão claro agora.
Edgar não se lembra do que aconteceu ao certo, apenas lembra de ter começado a falar algo e de ver a expressão de Edson mudar de indignação para intimidação e as únicas palavras que lembra são três, a última coisa que diria a Edson para nunca mais vê-lo:
"Eu me demito."
E saiu feliz em direção a sua casa, onde dormiria até a hora do almoço e relaxaria até que chegasse a hora de sua aula.

4 comments:

Rodrigo Baptista said...

eu que "plagiei".
na real escrevi, postei, escrevi outras coisas, entrei de volta no seu blog e tinha um negocio parecido... mas vc postou antes...

quis me matar =D

Ariane said...

eu tô muito afim de fazer que nem o Edgar :D

Anonymous said...

ah...era pra ser feliz?


O CARA DEIXOU DE GNHAR ORDENADO NO FIM DO MES MEU, POBRE, FOI PRA FAVELA E LEVOU TIRO CARA, NADA DE FELIZ ESSA MERDA, A MÃE DELE PEGOU LEPRA, ELE AIDS E TODOS NA FAMILIA MORRERAM NUM ACIDENTE DE BONDE, ESSA PORRA SÓ PQ ELE SE DEMITIU, ELE VAI É PRO INFERNO DEPOIS DESSA CA-GA-DA.


TEM CHOCOLATE PRA TI NÃO VÉI!!!



SEU BOSTA


xd~

Stars said...

meu pau O.o

!XD